Autorizado uso de blindados nas favelas do Complexo da Maré
As Forças Armadas e a FNSP vão ocupar as favelas da Maré até, no mínimo, 31 de julho, fim da Copa do Mundo
TOMAZ SILVA/ABR
A utilização de blindados para apoio logístico em operação no Complexo da Maré, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, foi autorizada pelo Ministério da Defesa. De acordo com diretriz assinada pelo ministro Celso Amorim, divulgada ontem, “veículos blindados de transporte de pessoal e lanchas” poderão ser usados no ”apoio logístico à Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro”.
Na terça-feira, militares do Exército e PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram reconhecimento de território nas favelas Nova Holanda e Parque União. Foi omitida data em que a operação ocorrerá. O documento rubricado por Amorim recomenda aos comandantes de Exército e Aeronáutica que ”fiquem em condições de alocar recursos logísticos à Marinha do Brasil, eventualmente necessários ao desenvolvimento das ações”. De acordo com a Marinha, não há estimativa do número de veículos que serão utilizado.
Tropas das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) vão ocupar as favelas da Maré até, no mínimo, 31 de julho, tempo suficiente para que a região, caminho para quem chega à cidade pelo Aeroporto do Galeão ou a avenida Brasil, fique com segurança reforçada até a final da Copa do Mundo.
Ainda falta previsão para instalar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local. Com 130 mil habitantes, segundo o censo de 2010 do IBGE, o Complexo da Maré é o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro. São 17 comunidades com pouco mais de 43 mil domicílios numa localização estratégica em termos de segurança.
Situado às margens da baía de Guanabara, o complexo é cortado pelas principais vias do Rio: avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela. Segundo o serviço de inteligência da PM, em suas vielas cerca de 200 traficantes de diferentes facções e milicianos disputam o comando de um território de 800 mil metros quadrados. Investigações apontam que o tráfico da Nova Holanda e do Parque União é chefiado pelo Comando Vermelho; da Baixa do Sapateiro até o conjunto Esperança, há traficantes do Terceiro Comando Puro; já na favela Roquete Pinto, há milicianos.
Há dois anos, a Secretaria de Segurança do Estado promete abrigar o novo Batalhão do Bope próximo ao conjunto de favelas. Até agora, no entanto, a mudança não aconteceu. O batalhão continua em Laranjeiras, na Zona Sul, e sem previsão de mudança.
Em junho de 2013, uma série de confrontos entre PMs e criminosos deixou dez mortos e seis feridos na Maré, após um grupo aproveitar um protesto de estudantes para assaltar motoristas e pedestres. (da Folhapress)
Nenhum comentário:
Postar um comentário