Agência FAPESP – Bric é um conceito proposto em 2003 pelo economista norte-americano Jim O’Neill, chefe de pesquisa econômica global do Goldman Sachs, ao reunir em um grupo Brasil, Rússia, Índia e China, países considerados com potencial para se tornar potências econômicas e superar até mesmo os mais ricos do mundo.
Conhecer como se estruturam e funcionam os sistemas inovativos nos Brics, avaliando como a inovação afeta o desempenho socioeconômico desses países, é um dos objetivos do Projeto Brics – Estudo Comparativo dos Sistemas de Inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que foi discutido em seminário no Rio de Janeiro, na semana passada.
Realizado no âmbito internacional da rede de pesquisa Globelics, o projeto é coordenado no Brasil pela Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist).
“O Projeto Brics diz respeito a países com alta capacidade científica e tecnológica, mas que têm também altas taxas de pobreza e desigualdade”, destacou o chileno Gustavo Crespi, do Centro de Pesquisa em Desenvolvimento Internacional (IRDC).
Comparar os sistemas nacionais de inovação, analisando suas perspectivas, e promover o intercâmbio de experiências e instrumentos de políticas para inovação e sistemas de inovação entre os países do grupo são outras propostas do projeto.
“O projeto também visa a conhecer como se estruturam e funcionam os sistemas de inovação nos Brics, avaliando como a inovação afeta o desempenho socioeconômico desses países”, explicou José Cassiolato, coordenador da RedeSist e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O projeto também inclui o estudo de um quinto integrante no grupo original: a África do Sul. Segundo os especialistas presentes no seminário, a taxa de crescimento de 5% ao ano não foi o elemento determinante para a inclusão do país. O destaque foi a superação das dificuldades resultantes do período de apartheid para incluir políticas de fomento às especificidades locais em sua agenda política.
“Os sistemas provinciais tiveram sua importância percebida nos últimos anos e, atualmente, as políticas da África do Sul estão preocupadas com o seu desenvolvimento, uma vez que o desenvolvimento das províncias é o desenvolvimento do país como um todo”, destacou Rasigan Maharajh, coordenador do Projeto Brics na África do Sul.
Gigantes asiáticos
Para K. J. Joseph, do Centro para Estudos de Desenvolvimento da Índia, o desenvolvimento indiano pode ser relacionado ao investimento maciço em ensino e pesquisa promovido no país desde a década de 1970. “Com auxílio das redes de pesquisa recém-instaladas, a tecnologia estrangeira se aliou às tecnologias tradicionais”, explicou.
“Com o aumento nos investimentos em ciência e tecnologia, pesquisadores que saíram da Índia para conseguir emprego estão voltando”, disse o coordenador do Projeto Brics no país.
Por outro lado, segundo Joseph, a competitividade da economia indiana trouxe também malefícios para a região. Exemplos são o crescimento das desigualdades inter e intra-regionais e a crise no setor agrário.
Na avaliação sobre a China, apresentada por Liu Xielin, da Academia Chinesa de Ciências, foram ressaltadas as peculiaridades do país, que apenas recentemente passou a permitir a entrada do capital estrangeiro. “A entrada do capital estrangeiro não era vista com bons olhos pelo país, o que mudou desde a década de 1980”, disse.
Xielin destaca que mais de um terço de todo o capital da China já é estrangeiro. “Em termos de emprego, vemos que o investimento direto estrangeiro tem um papel muito importante. Além disso, mais de 88% da exportação dos produtos tecnológicos chineses é feita por intermédio dele”, apontou.
“A China incorporou rapidamente elementos modernos ao seu modo de produção tradicional. Empresas multinacionais têm investido pesadamente para estabelecer centros de pesquisa e desenvolvimento, o que beneficia diretamente a população local”, disse
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